Você vai descobrir como o Porongo Campero (Lagenaria leucantha) pode transformar a horta e render peças artesanais incríveis. Vamos conhecer desde a germinação até a colheita e o uso criativo dos frutos, em uma jornada que une cultivo, história e tradição.

Uma planta ancestral

O cultivo de porongos acompanha a humanidade há milhares de anos. Povos ancestrais já utilizavam seus frutos ocos como recipientes para armazenar água, alimentos e até mesmo como instrumentos musicais. Essa tradição atravessou continentes: registros arqueológicos mostram o uso de porongos na África, na Ásia e nas Américas. No Brasil, o fruto ganhou papel central em práticas culturais e no artesanato popular, estando presente em cuias de chimarrão, cabaças de instrumentos de corda e objetos do dia a dia.

Apesar de aparentar semelhança com as abóboras, o porongo pertence a um grupo próprio dentro da família das cucurbitáceas. Assim como as abóboras e os pepinos, também possui flores masculinas e femininas, dependentes da polinização para gerar frutos.

 

Plantio das sementes

O cultivo pode começar em bandejas de células ou copinhos individuais. As sementes de porongo germinam com facilidade quando colocadas em substrato solto e bem drenado, a cerca de 2 cm de profundidade. É importante manter a umidade constante, sem encharcar. Assim que as mudas se firmam, já podem ser transplantadas para o local definitivo, onde terão espaço para se desenvolver.

As flores e a polinização

As flores do porongo são brancas e se destacam pela floração noturna, adaptada para receber mariposas como principais polinizadoras. Em regiões mais quentes, como Cuiabá, elas se abrem apenas após o pôr do sol. Já em locais mais amenos, como Porto Alegre, podem ser vistas abertas ainda no final da tarde, com luz natural. Primeiro surgem as flores masculinas, garantindo que os insetos incluam a planta em sua rota. Só depois aparecem as femininas, mais complexas e destinadas à produção dos frutos.

Frutificação e colheita

Uma vez polinizados, os frutos se desenvolvem rapidamente e podem atingir até 4 kg. O momento certo da colheita é indicado pelo talo seco e quebradiço. Nessa etapa, o fruto pode estar verde ou em processo de secagem. Após a colheita, é preciso conduzir o processo de cura: deixar os porongos em local ventilado, protegido da umidade e sem exposição direta ao sol. Quando pendurados, secam de maneira uniforme, e a água interna evapora de forma gradual. O processo pode durar cerca de três meses, até que fiquem leves, ocos e com a casca firme.

O porongo é uma planta de comportamento trepador, por isso cresce melhor quando encontra estruturas para subir, como cercas, treliças ou suportes improvisados, onde seus ramos podem se espalhar livremente.

 

 

Do fruto ao artesanato

Porongos secos são a matéria-prima perfeita para a criatividade. Com eles é possível confeccionar cuias, cumbucas, garrafas, brinquedos, luminárias e muito mais. Essa versatilidade fez do fruto um aliado das comunidades rurais e indígenas ao longo da história, integrando tradição e utilidade.

 

Como fazer uma garrafa de água com o porongo

1. Seleção: escolha um fruto alongado, com formato que lembre uma garrafa.
2. Abertura: corte a ponta com serra ou estilete firme, criando a boca da garrafa.
3. Limpeza interna: raspe e retire todo o material seco do interior, até que fique liso e oco.
4. Lixamento: utilize lixa fina para suavizar a borda e o interior.
5. Acabamento: lave, deixe secar e aplique uma mistura de cera de abelha com óleo mineral de grau alimentício, garantindo impermeabilização.
6. Tampa: adapte uma rolha de cortiça para vedar a garrafa.

Assim, um simples fruto se transforma em uma peça artesanal funcional, que carrega história, cultura e sustentabilidade em cada detalhe.

Onde encontrar as sementes

Interessados em cultivar o Porongo Campero podem adquirir as sementes diretamente no site da ISLA Sementes. É a oportunidade de começar o próprio projeto, do semeio ao artesanato, explorando toda a versatilidade dessa planta.